Summer 78

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

1 de Outubro

Eu trazia o teu lenço púrpura ao pescoço enquanto o vento envolvia o teu perfume no meu corpo, aquela brisa suave que me restabelecia energias era tão intensa. Ali estavas tu parado no tempo, enfeitiçado com o nada e amedrontado com o tudo, num mundo novo onde peões humanos giravam sobre si sem parar, num mundo tão diferente onde a diversidade de raças era imensa, um mundo mudo onde a fala era substituída por inúmeras expressões. E uma sensação estranha dominava-nos o pensamento. Porquê que estão todos nus? Foram todos expostos severamente. Uma multidão de corpos perambulava numa gigante praça enquanto outros tantos cantavam o silêncio tão intensamente que me perfurava os ouvidos. E eu vi-me no meio deles. Eram tão transparentes. Estava em êxtase, e perdi-te de vista. Aquele mundo temível levou-nos para longe de nós, e só conseguia perguntar-me será que este mundo é sério?
Depois acordei. Estavas tu do outro lado, apresentavas uma postura firme e o teu olhar estava fixado em mim. Despediste-te em silêncio sem qualquer tipo de expressão. E de certo modo já não te reconhecia. E ainda assim disse “obrigado por teres sido tudo o que foste e espero que algum dia alguém descubra em ti o que eu consegui descobrir” e desapareces-te juntamente com o nevoeiro. Desta vez eu sei e sinto, foi a última. E eu deixei-te ir daqui.
Não consigo parar de sorrir, sinto-me suave, leve e serena.
E agora sei que ela existe. Só tu não a podes ver.

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