Summer 78

quinta-feira, 10 de março de 2011

Orquídea Negra



Reescrevo-me ao escrever-te. Não é um capricho dar asas ao ilustre génio, cultivar a imaginação. Hoje vou voar contigo e no teu peito flutuar como pena que não assenta, como poeira que paira solta no ar. Ser manto de ti segura, quando sempre fui o calor de alguém. Fazer de outra noite escura, o sorriso de ninguém. Aquando o fogo acabar, recria-me igual sem menos ou mais pormenores, vê-me assim como em mim eu não vejo. Sob a forma suave da negra orquídea, solta-me o veneno que em pleno se dispersa, condensa-o num copo e bebe dele o teu também. Traz-me um prato vazio e faz-me encontrar-te tesouro. Mas vem carregado de silêncio ou de ti farei cinza que colherei noutra noite fria para poder queimar com ardor outro medo mundado de ser pedra de congelador.

Sem comentários:

Enviar um comentário